sexta-feira, 22 de abril de 2011

511

A primeira missa: Victor Meirelles.


Hoje, ou ontem, há controvérsias, o Brasil completou 511 anos de seu descobrimento. Monte Pascoal foi o ponto avistado primeiro por aquele intrépido e atento (ou seria apenas inquieto?) marinheiro encarapitado no topo de um mastro de uma das caravelas da esquadra comandada por Pedro Álvares Cabral. Há muitas teorias a respeito daquela expedição. Uns defendem que a frota se perdeu enquanto buscava o caminho das Ìndias. Outros historiadores enxergam muito planejamento no gradual afastamento da costa africana, em direção ao oeste, onde estariam territórios virgens e muito, muitíssimo ricos.
Eu sou brasileiro e em muitas ocasiões já manifestei meu amor a meu país. Mas, às vezes, me pego refletindo sobre a correspondência desse amor. Temos tudo: natureza generosa, exuberante, como uma mulher sensual e tentadora, clima adequado, território imenso e praticamente livre de desastres naturais, recursos em abundância, água para matar a sede do mundo todo, um povo....cordato. Talvez aí é que resida o problema. Talvez devêssemos ser menos cordatos e mais aguerridos em exigir nossos direitos. A péssima distribuição de renda, onde alguns indicadores fariam inveja a qualquer país rico, tais como o número de helicópteros, aviões a jato executivos, lojas de grifes caríssimas entre as mais rentáveis do planeta. Do lado oposto, encontramos grotões de miséria em qualquer cidade grande, pessoas subnutridas, sub-cidadãos em estado deplorável. Mas em minha opinião, o maior problema nem é material em si: trata-se da péssima qualidade de educação ofertada ao cidadão comum, o que o condena inexoravelmente ao sub analfabeStismo e a colher as migalhas que o aumento das condições materiais do país proporcionam de modo geral.
Estou longe de ser ou pretender ser um cientista social. Sou apenas um sujeito às vezes indignado, que do alto de seus cinqüenta anos continua a acreditar que este é o país do futuro,  imensamente frustrado por não ser o Brasil país do presente. E com a séria suspeita que este futuro talvez jamais chegue de fato.
As injustiças são gritantes. O senso de egoísmo e individualismo (vencer a qualquer custo) que absorvemos dos americanos é burro e patético. Por que não imitamos o senso de coletivo dos asiáticos? Por que não nos espelhamos no que há de bom lá fora e descartamos o que não é interessante? Por que importamos os conceitos em massa, sem fazer uma triagem prévia antes? Essa nossa mania de copiar o que vem de fora, nos arrasta para trás, de volta ao quarto mundo que talvez jamais tenhamos deixado de pertencer de fato, e nosso pretensa entrada na vanguarda planetária parece cada vez mais uma miragem, um história da carochinha, como tantas, aliás, contatas ao povo pelos governantes (péssimos - dignos de quinto mundo) que temos.
Impostos em excesso (nisso somos referência mundial — a coleta dos mesmos, diga-se de passagem —) gastos públicos em descontrole, excesso de maus investimentos, preparação pífia. Dois dados me deixaram estarrecidos recentemente: o montante de dinheiro gasto pelos dois governos Lula em publicidade (obsceno a meu ver e que explicam os índices de aprovação do apedeuta) e o amadorismo com que estamos tratando os preparativos para a Copa do Mundo e as Olimpíadas. A menos que ocorra um milagre digno de renaturalizarmos Deus em definitivo (sim, pois antigamente dizíamos com orgulho que  Ele era brasileiro — resta saber se vivia em Brasília também), passaremos por vexames globais em tempo real, com o caos de nossa infra estrutura em transporte (os aeroportos, geridos por uma estatal (Infraero)  tripulada por petistas cujo único requisito é a carteirinha com o 13 estampado), de hoteis, de....tudo. Segundo li em algum site, a Rússia que organizará a Copa do Mundo de 2018 está com seus estádios em melhores condições que os do "país do futebol" — esta, outra triste afirmação que deveria talvez, mais apropriadamente ser mudada para: "país dos jogadores de futebol para exportação".
Triste em partes. Auspicioso em outras. Como, cara pálida? Oras, para um otimista incorrigível como eu, problemas significam possibilidade de melhora. E não nos esqueçamos, principalmente aqueles que nos querem no primeiro mundo, como um anexo da Disney: já temos serial killer e bullying! (mas isso é assunto para outro post). Bom feriado!

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