quarta-feira, 29 de abril de 2009

15 ANOS SEM SENNA: O COMEÇO NA INGLATERRA





Muita gente está escrevendo e preparando matérias sobre a morte de Ayrton Senna naquele fatídico de primeiro de maio em Imola na Itália. Cada um de nós vai se lembrar do que estava fazendo naquele domingo, da agonia da falta de informações confiáveis, do desenlace trágico para culminar um final de semana negro como poucos na história do automobilismo mundial.
Minhas memórias vão retroceder mais alguns anos, quando vim a conhecer Ayrton pessoalmente. Eu já vivia na Inglaterra desde o final de abril de 1980 ( ver série Efemérides) e havia feito a minha escola de pilotagem (Jim Russell International Racing Drivers Schooll em Snertetton em novembro de 80), portanto naquele início de 81 já estava caçando algum carro de Formula Ford barato para alugar, sentindo o tamanho da encrenca em que queria me meter. Conheci o Roberto Moreno no final de 80, o vi ganhar com sobras o Festival de Formula Ford daquele ano em Brands Hatch, tiramos fotos juntos, etc. Quando no início de um frio e chuvoso março de 81 o campeonato inglês de Formula Ford teve sua primeira prova no autódromo de Brands Hatch, pertinho de Londres, eu fui assistir. Lá me encontrei com outros brasileiros, entre eles o Wagner Rossi de Brasília, também piloto. Ficamos ali sapeando na área dos boxes (de terra e lama....), quando fui apresentado ao Ayrton, muito tímido. Eu sabia da reputação dele do kart, claro, mas essa seria a sua primeira prova com automóveis. Por influência do Chico Serra, então ingressando na Formula 1 pela equipe Fittipaldi, Senna conseguiu uma vaga na equipe de fábrica da Van Diemen (que havia dado os títulos a Moreno e vitórias a Raul Boesel no ano anterior), mas chegou atrasado para as preparações e seria o terceiro piloto da equipe. O primeiro era um mexicano chamado Alfonso Toledano, já com experiência na Formula Ford inglesa do ano anterior, e o segundo um argentino magrinho, invocado de nome Enrique Mansilla. O carro de 81 de Ayrton não ficou pronto para aquela primeira prova, portanto ele ia competir com um chassi de 80, pintado de amarelo  e preto e preparado às pressas. 
Os treinos de classificação para uma prova de Formula Ford duravam em média 20 minutos, tempo para o piloto "pegar" o jeito da pista e fazer seu tempo. Não me lembro ao certo em que posição o Senna largou, mas lembro que ele chegou em 5º lugar e eu como sempre me posicionei perto da curva ao final da reta Paddock Hill Bend, podia ver sua já evidente habilidade. 
Uma semana depois nos dirigimos (eu na condição de torcedor e futuro concorrente) para o autódromo de Thruxton, e Ayrton ainda com o carro velho já terminou a prova em terceiro lugar. No próximo domingo, Brands Hatch de novo, Ayrton estreando o carro novo + chuva, adivinhem: sumiu na frente de todos e me lembro bem dos resmungos do mexicano e do argentino! Nessa prova o Roberto Moreno veio assistir, ela havia voltado há pouco do Brasil onde estivera em busca de patrocínio para competir na Formula 3- conseguiria uma vaga numa equipe holandesa e ganharia 3 corridas no braço - e me perguntou o que eu achava do Ayrton. Eu disse....o cara é bom, muito bom.
Naquela época havia um grupo de brasileiros que acompanhavam o pequeno "circo" da Formula Ford, da Formula 3, éramos todos camaradas e torcíamos uns pelos outros. Na Formula Ford 2000 havia um piloto excepcional, o paranaense Luiz Renato Schaffer, que depois desistiu da carreira e voltou ao Brasil.
Essa são as primeiras lembranças do Ayrton, depois coloco mais algumas.

3 comentários:

Bruno disse...

Ótimas lembranças Cezar. Na terceira corrida lá estava o brasileiro a ganhar uma prova, se mostrando perfeito com a pista molhada.
Se a homenagem começou com o primeiro contato entre vcs na Inglaterra, fico curioso para saber em quais circunstâncias aconteceu o último encontro.
abraços.

Henry disse...

Cezar,
Posso incluí-lo na lista "NA BLOGOSFERA", de matérias relativas a Ayrton Senna?
Em
http://henrychannel.blogspot.com/2009/04/ayrton-senna-suzuka-1989-pole-lap.html

Um abraço,
Henry

Cezar Fittipaldi disse...

Henry, pode sim. To dentro